sexta-feira, setembro 16, 2011

Acidente na Imigrantes-SP/BR
















A pista norte da Rodovia dos Imigrantes vai ser liberada nas próximas horas, informou na manhã desta sexta-feira (16) a concessionária Ecovias, responsável pela estrada. Agentes da empresa realizam a limpeza da via e removem do acostamento caminhões e carretas danificados com guinchos na região de São Bernardo do Campo (SP), onde um engavetamento deixou uma pessoa morta e 51 feridas na tarde de ontem.

A pista sul da via foi liberada para a subida da serra, no sentido São Paulo, e a descida está sendo feita apenas pela Via Anchieta. A Ecovias solicita aos motoristas que redobrem a atenção porque a neblina continua intensa na estrada. A visibilidade no trecho de serra é inferior a 100 metros e, a cada meia hora, grupos de 500 veículos descem a via escoltados por viaturas da Polícia Militar Rodoviária e da Ecovias até um ponto onde a visibilidade é melhor.



Alguns números do acidente ainda seguem desencontrados. Segundo o gerente de atendimento ao usuário da concessionária Ecovias, Eduardo Di Gregório, 104 veículos se envolveram no engavetamento, sendo 71 carros, três motos, 23 caminhões e três ônibus.

Já o comandante da Polícia Militar da região do ABC, coronel Roberval França, responsável por coordenar o serviço de atendimento e resgate às vítimas, informou que foram contabilizados 270 veículos com avarias, mas só foram registrados os boletins de ocorrência de 104. O motoristas dos demais automóveis poderão oficializar o ocorrido em até oito dias.

De acordo com a PM e a concessionária Ecovias, o número de vítimas foi de 52, sendo uma fatal, duas em estado grave e 49 com ferimentos leves. A vítima fatal foi identificada como Luís Carlos Prestes, um caminhoneiro que estava há aproximadamente um quilômetro e meio da primeira colisão.

relatos:
"Parece um tsunami no asfalto". É assim que o caminhoneiro Moisés Santos, de 42 anos, que há 22 circula por rodovias de todo o País, classifica o acidente na Rodovia dos Imigrantes, na tarde desta quinta-feira. Até as 18h40, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Rodoviária haviam confirmado um morto e 29 feridos.


Segundo Santos, não havia nenhuma sinalização na rodovia sobre o acidente. "Isso é um descaso. Ninguém informou nada sobre reduzir velocidade. Do meu acidente até o primeiro caminhão batido dá uns 5 minutos de diferença de caminhada. A concessionária não avisou sobre acidente à frente. Quem sinalizou que havia acidente foram outros motoristas", conta ao iG. Ele conseguiu estacionar o caminhão no acostamento, mas o veículo foi atingido por outros que não conseguiram parar.

O caminhoneiro também afirma que o primeiro resgate só chegou 45 minutos depois. "A gente que saiu dos caminhões e foi ajudando as pessoas a atravessar a pista e a ficar no canteiro central porque lá na frente estava tudo pegando fogo. Estou cansado. Tenho família. Quero ir para casa descansar."

O também caminhoneiro Cristiano Rufino da Silva, de 37 anos, diz que "ganhou uma outra chance de viver". "A gente que vive na estrada sempre ganha outra chance. Nunca vi um nevoeiro tão forte nesta parte da estrada. E só existe comboio para descer e não para subir. Acredito que agora isso vai mudar."

A consultora comercial Vanessa de Catro, de 32 anos, mora na Praia Grande e trabalha no ABC Paulista. Ela trafega pela rodovia todos os dias. "Foi muito rápido. Era caminhão em cima de caminhão e eu só ouvia barulho de freios ao meu lado", diz ela. "Pensei por um segundo que tinha conseguido frear, mas com todo barulho de freios e explosões saí correndo que nem louca do carro, desesperada, porque achei que ia explodir tudo. Atravessei a pista e fiquei na pista contrária. Ouvia bebê chorando. Tinha muita gente emocionada. Parecia o último dia do apocalipse. Meu maior medo era um caminhão explodir ou alguém me atropelar. Não fiquei apavorada, fiquei ligeira. Era o instinto de sobrevivência.





A neblina é considerada pelas autoridades como o principal fator pelo acidente ocorrido por volta das 12h50, no km 41 da Rodovia dos Imigrantes, na região de São Bernardo do Campo, sentido São Paulo. De acordo com o coronel Roberval França, os motoristas deveriam ter interrompido a viagem por causa da má visibilidade.

"No trecho do acidente não é comum a ocorrência de tal condição meteorológica”, disse o policial."Este foi o pior acidente já registrado na história da Rodovia dos Imigrantes", completou.

No momento da colisão, a visibilidade no local era inferior a 30 metros. Para a polícia, quando a visibilidade é de menos de 50 metros, a orientação é de que os motoristas interrompam a viagem, parem no acostamento e liguem o pisca-alerta.

Acidente com dimensões semelhantes ocorreu no dia 28 de junho de 1977. Na ocasião, 151 veículos envolveram-se em um megaengavetamento nas duas pistas da Via Anchieta, entre os km 68 e 61. A tragédia terminou com saldo de 15 mortos e 285 feridos.

Cenário de caos

A repórter do iG Fernanda Simas esteve no local do acidente na quinta-feira e relatou que "o cenário era de caos". "São dez minutos a pé para percorrer o trecho de carros espremidos entre caminhões e pedaços de ferro. Não há brecha entre os veículos e é impossível saber onde começa a frente de um caminhão, a traseira de um carro, o que é uma porta, um bagageiro. Há apenas uma única peça gigante e mal cheirosa".

O caminhoneiro Juliano Silva, de 35 anos, disse que a batida foi "muito de repente". "Por causa da forte neblina, ninguém conseguiu brecar e os veículos começaram a bater", contou. Silva estava voltando de Santos, litoral de São Paulo, e levava carregamento de sal para Mairinque, no interior.

No total, 151 viaturas dos bombeiros, polícia rodoviária e polícia do ABC paulista foram usadas no resgate das vítimas e no combate ao incêndio na estrada. Dois helicópteros Águia da Polícia Militar também participaram da ação.

Os bombeiros informaram que a extensão do acidente chegou a alcançar 2 km. As vítimas com ferimentos leves foram atendidas no local e encaminhadas para os pronto-socorros das cidades de Diadema, Mauá, Santo André, Cubatão e Santos.

* com informações da Agência Estado

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