domingo, abril 03, 2011

Ozzy Osbourne


Ozzy Osbourne cantava "Fairies Wear Boots", a quinta música da noite e primeira do Black Sabbath a aparecer no setlist, quando a chuva caiu forte no Anhembi. O cantor foi rápido: pegou um dos baldes com água que joga na plateia e despejou o conteúdo inteiro em sua cabeça. Com sua roupa preta toda molhada, os cabelos pelo rosto, foi até o microfone e esbravejou para a plateia: "f...-se a chuva". A plateia, óbvio, obedeceu e não ligou para os desmandos de São Pedro.

O cantor subiu ao palco pontualmente às 21h30 e, mesmo antes do primeiro acorde, conclamou: "quero ver vocês ficarem loucos esta noite". Abriu os trabalhos com "Bark at the Moon", do disco homônimo de 1983, e logo emendou com "Let Me Hear You Scream", única representante do último disco, "Scream" (2010), a figurar no repertório. Aos 62 anos, Ozzy tem uma certeza: os fãs que comparecem a seus shows querem saber dos clássicos - e dá boas doses deles em uma hora e meia de show.


"Vocês sentiram minha falta?", pergunta ao microfone, logo antes do teclado marcar a chegada de "Mr. Crowley". Ozzy vai usando esses truques fáceis em praticamente todos os intervalos entre as canções. Como era de se esperar, a plateia entra no jogo e vai aumentando os gritos gradativamente, até que o cantor se satisfaça. É o típico show em que o mestre de cerimônias pode fazer quase qualquer coisa que o público vai gostar.

Ozzy usa esse poder para mascarar os pequenos defeitos do show. O cantor, provavelmente com dificuldade em alcançar os agudos da juventude, altera o tom de algumas músicas, descaracterizando de leve riffs clássicos como o de "Iron Man". Coisas da vida, ainda mais com o sempre problemático som do Anehmbi prejudica ndo as nuances do baixo. Como representante vivo dos anos 70, Ozzy se dá ao direito de manter um momento para um longo solo de bateria e um de guitarra em "Rat Sallad", também do Sabbath, onde o competente guitarrista Gus G. aproveita para ganhar ainda mais a plateia com uma versão turbinada de "Brasileirinho".

Mas, talvez, o maior sentimento que se sinta no ambiente do show seja reverência. À frente de um séquito de devotos está um dos homens responsáveis por criar o heavy metal e trazer a obscuridade para o rock n' roll. Todo moleque que já teve cabelo comprido em seus 14, 15 anos tem uma dívida com Ozzy, e, com isso, perdoa os deslizes de seu ídolo - afinal, ele já não tem a voz de um jovem.

Os grandes momentos da apresentação surgem com os clássicos incontestes do Sabbath. O bumbo que anuncia "Iron Man" é acompanhado por uma coreografia involuntária de punhos para cima, enquanto o coro da plateia junto ao riff de guitarra final de "War Pigs" mostra um dos momentos mais próximos que o rock pode chegar de um culto.

"Crazy Train" acaba a primeira parte do show com o público em ritmo tão frenético que o cantor nem sai do palco para voltar para o bis. Na sequência, emenda uma versão envolvente de "Mama I'm Coming Home" e uma semi-capenga de "Paranoid", que de alguma forma resume bem o show: aquele senhor no palco merece louvor, mas aos 62 anos mostra que já teve momentos melhores. Se a perfeição técnica já não é possível, fica o registro histórico.

Ozzy faz mais três shows no Brasil. Na terça-feira, 5, ele se apresenta no ginásio Nilson Nelson, em Brasília. Na quinta, 07, é a vez do Rio de Janeiro, no Citibank Hall. A turnê acaba no dia 9, com show no ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte.

Veja o setlist completo do show

1 - "Bark at the Moon"
2 - "Let me Hear You Scream"
3 - "Mr Crowley"
4 - "I don't know"
5 - "Fairies Wear Boots"
6 - "Suicide Solution"
7 - "Road to Nowhere"
8 - "War Pigs"
9 - "Shot in the Dark"
10 - "Rat Sallad"
11 - "Iron Man"
12 - "I Don't Wanna Change The World"
13 - "Crazy Train

Bis

14 - "Mama I'm Coming Home"
15 - "Paranoid"

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